truko #1 online

16 ago

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aridez manual

6 jun

morrendo de sede, mas a palma da minha mão não dá coquinho,
nem tem copa pra fazer sombra e me proteger do sol.
enquanto tento desenrolar os nós dos dedos, me perco na arquitetura das linhas desencontradas;
a vida é longa, mas não tem pé, nem cabeça…
vou tentando me achar nas voltas das malhas digitais,
identificado a cada toque, exposto, pelo avesso.
sou um homem sofregamente manual.
e morro de sede porque a palma de minha mão não dá coquinho.

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Um querer

16 abr

um querer
2013

do que ignora não se deve desejar
o verbo parvo que emocione a alma—
o afeto porém não reconhece diploma
e independe da língua que se escreve

do que tolice espalha não se creem
as asneiras que se desejam loas—
o afeto não almeja os louros
e escarnece da testa envaidecida

de um louco não se aceitam beijos
que joga aos ventos sem destino certo—
o afeto ignora o justo,
o ético e o apropriado

amo o tolo que me beija
entrego-me ao néscio que me emociona
comprazo-me com o ósculo errante
que me acerta, ignorante e pronto

não entenderei das coisas dos mundos
nem perceberei os óbvios que ululam
mas amarei o que não entendo de todo
e me entregarei ao desconhecido ignoto

sem rimas ou metros
sem regras ou medos
apenas, assim, um querer—
um querer

vírgulas no final da linha

15 abr

vírgulas no final da linha
2012

O grito encheu a noite
E o açoite da verdade estalou
nas faces dos que apenas olham,
Ninguém foi em socorro!
Do morro, o pedido escapou
às telas dos noticiosos manipulados,
Chorou-se pelos pais assassinados
desencarnados vez e vez e vez e mais
em fotos nos jornais,
Assinaram o manifesto no facebook
sem perceber o truque que mantem a construção
de belo monte em dia,
Assassinaram o índio na parada
e a garotada nem foi presa
Ganhou de presente um passado passado a limpo,
Precisamos desaprender a ouvir os mortos
que por tortos caminhos apontam
seus algozes, seus assassinos,

nossos vizinhos(!),

Não ajudamos a moça estuprada
na madrugada na rua ao lado
do edifício em que habitamos a salvo,
Não fizemos passeata pelos expulsos
Não cortamos os pulsos pelas crianças deixadas
sem moradia do pinheirinho,
Não gritamos contra a moça parricida
que estarrecida não entendia porque
tanto estardalhaço,
Não subscrevemos o documento
Levado pelo vento do esquecimento
que matou os bichos, os índios e os brios,
Não guardamos a cara dos incendiários
os ruis, os zés e mários que se divertiram
com a fogueira viva,
Precisamos desaprender a ouvir o fantasma
das TVs de plasma que plasmam a sina
dos que só olham e nada fazem,

nossos vizinhos(?),

John Milton’s Travelling Impressions

15 jan

In his time, John Milton (1608-1674) spoke of liberty and freedom of thought and expression. Admired by Alexander Pope (1688-1744) and considered the greatest English poet by none but William Blake (1757-1827), he inspired many to embrace a writing career and humanist thoughts. Born in England in the last century (about the mid 1950s) but living in Brazil, teaching English Literature at USP, another John Milton keeps records of his travelling adventures, perhaps in search o his own Paradise Lost, making us think of  how vast our world is and how deep its contrasts. Take a time to read his considerations on the realities he found on the other side of the globe and ponder on how much we don’t know what we don’t know. This first text is about Taiwan. Worth reading and following.

Dentro e fora

14 jan

— Vem pra dentro, João!

João não se deu ao trabalho de olhar na direção da voz gasguita. O quintal, dentro do terreno, fora da casa, era um pequeno pedaço do mundo tão perigoso quanto o mundo todo, para a tia.

— Vem pra dentro, menino, que vai chover!

Meio coberto de concreto, meio areal desprezado, o terreno dos fundos do casarão refletia o descuido dos locatários e dos muitos inquilinos que ali habitaram, ocupando espaço no mundo que se reduzia, uma miniatura esconsa de um universo esquecido. No quintal, os vasos de flores exuberantes, sobre o cimentado, moviam-se sob o carinho da brisa, saudando o matagal que cobria parte do areal e devolvia o cumprimento, ciciando discursos cujos significados escapavam a quase todos os adultos.

O descuido dava testemunho da falta de recursos, de tempo, de atenção e de interesse em transformar o quintal em algo salubre. Um lugar de segredos sussurrados, de sombras projetadas por coisas invisíveis, de ameaças mais assustadoras do que as apresentadas nos programas da TV.

— João?!

Era um lugar feio de dia e arrepiante à noite. O nó na garganta mantinha-se apertado enquanto o sobrinho parecia se divertir, gritando como endemoniado, inventando singrar os sete mares na banheira abandonada cujos pés tinham artelhos semelhantes aos dos cachorros desanimados que, como ela, olhavam João de longe sem ousar sair da área concretada. Um dia, se o dono permitisse, cimentava tudo. Até lá, a geladeira tombada que já não tinha porta também era usada como nave que o levava, sem sair do lugar a mundos imaginários que resvalavam nos mundos que a tia previa, os pelos na nuca empertigados, soturnos e lamurientos. Enquanto o sobrinho gritava, atravessando o matagal, contra inimigos de vento em florestas inventadas de continentes distantes com povos com nomes impronunciáveis, ela sabia os nomes dos seres malvados que se disfarçavam para parecer bonzinhos sob o sol, mas que se manifestavam quimeras desnaturadas, projetos de pura maldade, arautos do grande inimigo. Os cães participavam das brincadeiras pelas áreas calçadas que João batizava com nomes pomposos que soavam estrangeiros, onde ela sabia que o sobrinho jamais estivera antes.

O areal, quando seco, servia de passagem para ratos, gatos, camundongos, gambás, borboletas, mariposas e sabiás. Quando chovia, virava um lamaçal prenhe de girinos, rãs, sapos e lagartos que se fartavam com os insetos que rodopiavam em nuvens caóticas e barulhentas.

— Menino! Vem pra dentro, já!

Era sempre assim: a chuva não esperava que as gentes se protegessem para derramar-se sobre a cidade. Como de costume, dedicava uma boa porção de suas águas sobre o descampado do quintal da casa da tia de João, despejando-se desavergonhada, criando riachos, lagos e charcos. A tia ficava desesperada ao ouvir João estalando a língua, articulando barulhos estranhos à sua língua materna, batizando porções de lama e córregos que se alimentavam das águas que escorriam do telhado, paredes e cimentados, sem limpar as manchas e mazelas da casa saturada pelas desventuras de quem a habitara e as desesperanças de quem a ocupava sem concretude.

Três dias chovendo forte, sob um calor infernal. Os pingos da chuva tocavam o mundo com estalos irritantes, fazendo roupas grudarem na pele, madeixas desalinhadas colarem-se às testas, porções de lama, pedaços de folhas, restos de cadáveres de insetos que escapavam à sanha dos batráquios vorazes colecionarem-se à barra das calças, ao dorso dos calçados. A alma inquieta captava cada vibração agourenta, cada resto de vida desperdiçada e incomodava-se da participação do sobrinho àquele festival macabro.

— João!

Ouvia a própria voz abafada, encoberta pela música da torrente que o mundo acolhia sem pudor. Os afazeres diários a mantinha ocupada, mas o coração saltitava com a despreocupação da criança em proteger-se da chuva, do quintal e seus seres malfazejos. Sabia que João sentia-se pouco à vontade, apesar de todos os esforços em integrá-lo ao seu mundo. Não era sua casa. Era enviado à parenta quando os pais viajavam. Mesmo sem querer, quando em vez raciocinava que o terreno baldio era a perfeita moldura àquele menino abandonado, o cenário preciso em que o humano é engolido pelo mundo, sem possibilidade de fuga, mastigado pela frieza da realidade, pela civilidade recheada de violência disfarçada e dor explícita. Lamentava que o sobrinho preferisse o areal, onde reinventava a vida e imaginava amigos sob a inspiração dos inimigos da fé.

— Vem, menino!

Desta vez, João olhou para a porta da cozinha que dava para o quintal. Sinalizou com a mão, chamando-o com cuidado para não demonstrar sua angústia. Sinalizou mais uma vez e engoliu em seco. Sentiu o aroma do cozido e acorreu à cozinha para salvar o jantar. Apenas os cachorros permaneceram sob o umbral da porta, no limiar entre os mundos improváveis e a casa possível. Os bichos estavam excitados, à porta aberta, meio protegidos da chuva torrencial, arfando e ganindo, talvez prevendo algum desfecho desditoso para o garoto que chafurdava na lama. O pensamento ocorreu à tia como um lampejo, um raio que se bandeou para a rua lateral, do outro lado do muro, do outro lado do mundo. Nem os cães conseguiram escutar o sussurro que se realizou em coro ao trovão que fez a terra toda tremer.

— Creindeuspai…

Benzeu-se com o sinal da cruz sobre o colo e correu para a área de serviço que separava a cozinha do mundo de fora, onde os cachorros ganiam lamentosos. Gritou mais para o mundo do que para João, que não conseguia ver em qualquer lugar no quintal.

— Vem pra dentro, João!

Desceu os três degraus e chapinhou na água que escorria sobre o cimentado, engolindo em seco, as gotas da chuva encobrindo-lhe a lágrima sincera que manifestava a dor em seu peito. Os cães permaneceram sob a porta, enquanto a tia mapeava o lamaçal que dançava sob a chuva e não conseguia achar o sobrinho.

Chegou à banheira e encontrou o corpo cério, os olhos frios devolvendo um olhar sem vida. Tocou os dedos das mãos e a temperatura ampliou o desconforto.

Carregou o sobrinho nos braços, sob a chuva e olhou para a porta da casa que entendia como segura. Os cães a olharam de volta, ansiosos. O retrato concreto convidava ao conforto da realidade. Ali, sob a torrente, envolta nos mundos que habitavam o mundo, imaginou uma criança sob o umbral da porta aberta, acenando e gritando seu nome.

mais um romance · desta vez em inglês

12 jan

não é de agora que eu escrevo em inglês. acredito que consiga me fazer entender tanto na língua britânica quanto no nosso bom e velho “brasileiro”.
cadastrei-me num site de literatura chamado wattpad e resolvi disponibilizar o primeiro romance que escrevi, lá pelos idos de dois mil e bolinhas. curiosamente, tive dois romances publicados no brasil, um solo (tueris, que eu postei integralmente aqui e está disponível em papel e como e-book na amazon) e um feito a oito mãos, a tríade (razão de meu primeiro post no wordpress), ambos publicados pela terracota. tava mais do que na hora de desengavetar minha ficção-científica.
curioso? curiosa? vai lá no wattpad e dá uma bizoiada. é grátis, mas é em inglês.

lunatics

depois, com tempo, arranjo jeito de postá-lo aqui, em português. quem sabe? estou envolvido em vários projetos literários, quandrinhísticos, etceterísticos… aos poucos, vou divulgando tudo por aqui e pela malha da internet.

an essay on two english speaking writers

7 maio

this post is for those who speak english, especially those interested in literature and literary critique. the essay linked here was published in the 5th issue of yawp, the academic magazine edited by the english section of the literature and letters graduation course at universidade de sao paulo (usp), the essay tries to establish similarities and differences between two short stories, one written by cólm toibin and another by neil gaiman. read it and post your comment (both positive and negative ones would be welcome!)

curso de perspectiva

6 jan

ainda tem vaga pro curso de perspectiva nestas férias de janeiro, lá na quanta academia de artes. tá esperando o quê? vai http://tinyurl.com/384t5qj

cursos de férias de janeiro 2012 na quanta

3 jan

entre os dias 16 e 20 de janeiro de 2012 (feliz ano novo pra vc!), vou ministrar dois cursos de férias na quanta academia de artes. tem muita gente boa apresentando possibilidades de renovação de conhecimentos; pra vc que é de fora, deve ter alguma coisa bacana pra se divertir e aprender um tantim mais.